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20 fotos impressionantes dos Prémios Mangrove 2025 revelam a força e beleza selvagem da natureza.

Crocodilo na água com sol poente ao fundo, enquanto uma ave voa acima.

Um réptil monstruoso desliza através de uma água de tom acastanhado como chá, mandíbulas como uma porta de catedral, olhos frios como berlindes. Logo atrás, uma garça levanta voo na luz esfrangalhada. Esse é o pulso da lista global deste ano: vinte imagens onde o selvagem retribui o olhar.

A fotografia ficou no meu portátil como um desafio: armadura ranhurada, fios de algas, reflexos cosidos à superfície, e um espaço onde o instinto pede segurança mas encontra dentes. O ar parecia húmido na minha pequena cozinha, como se o manguezal tivesse atravessado o ecrã e pousado na mesa.

Vi o detalhe florescer à medida que aumentava o zoom, para lá das gotas de água em pequenos astros e uma película de lodo sobre a testa da criatura. Algures, uma mota zumbia ao longe; perto, os radiadores faziam o seu estalido outonal. O crocodilo não se importava com nada disso. Olhava como um sobrevivente e enchia a moldura. Um fôlego suspendeu-se e ficou.

Algumas imagens não mostram apenas um local — mudam a sala onde estás.

Houve um pensamento que insistiu e não saiu: o que mais terá visto o fotógrafo, e quão perto é demasiado perto? Estranho consolo não saber.

Onde um crocodilo gigante domina a luz

A escala é o primeiro choque. Um crocodilo gigantesco corta a água, tudo ângulos baixos e músculo, enquanto raízes de mangal marcam o fundo como um batimento lento. A luz é fina como leite, daquelas só possíveis antes do calor, quando cada gota vire um pequeno candeeiro. Sentes a câmara agachar-se. Sentes a paciência no dedo do obturador.

Há uma história que se saboreia. Imagina o fotógrafo nos lodos salobros ao nascer do sol, a protecção da objetiva salpicada de orvalho, um guia a murmurar horários da maré de cor. Guardas do delta dizem que alguns “salties” passam os cinco metros, e os rastos que deixam parecem rodados de pneus. Na meia hora antes do vento encrespar a superfície, a água fica sedosa e o crocodilo rompe-a como um cometa lento.

Porque é que esta imagem te prende? A composição engana o conforto: o motivo não está centrado, está a avançar, a cabeça angulada, os olhos alinhados com a tua linha de visão. A profundidade de campo é estreita o suficiente para calar o mundo, larga o bastante para deixar as raízes do mangal sussurrar contexto. A ética também costura a imagem — lês a distância na indefinição do calor e no ângulo dos reflexos, um sinal de que uma teleobjetiva manteve a pressão arterial baixa dos dois lados.

Como se fotografa o selvagem sem o quebrar

O método começa muito antes do clique. Estuda cartas de maré como um calendário de cozinha e cruza-as com as horas de nascer do dia; procuras maré parada e sol baixo para textura. Leva um saco estanque, dois panos de microfibra e uma objetiva longa que consigas usar à mão, se necessário. Considera o vento — uma ligeira brisa de frente leva o cheiro até ao motivo, por isso tenta trabalhar de lado sempre que possível. Move-te como um pensamento, não como um salpico.

Todos já tivemos aquele momento em que uma ave rara finalmente assenta e entramos em pânico, mudando as definições da máquina sem nexo. Respira. Pré-define a exposição para o fundo, não para o sujeito; deixa o animal vir até à luz que preparaste. Pratica o movimento panorâmico sobre as ondulações, não só no pássaro. Mantém uma postura baixa e os pés silenciosos. Sejamos honestos: ninguém faz isso todos os dias. Está tudo bem se estiveres enferrujado. Está tudo bem falhar.

Armadilhas comuns? Perseguir em vez de esperar; ir largo quando um corte apertado conta melhor a história; esquecer que a história também é silêncio e espaço. Enquadra a tua ética com as configurações — distância, respeito, sem isco, sem stress. Os Mangrove Photography Awards 2025 não são só espetáculo; são a prova de que a paciência vence a invasão. 20 imagens a sussurrar a mesma lição em vozes diferentes.

“Se esperares o suficiente, a maré traz-te o enquadramento. O segredo é teres coragem para não forçar.”
  • Confere marés e luz na véspera e dorme com as baterias carregadas.
  • Mantém um cartão vazio, uma objetiva limpa, e um plano que possas abandonar.
  • Trabalha com conhecimento local; poupa tempo e mantém-te seguro.
  • Não deixes rasto — as pegadas desaparecem, o stress não.
  • Revê no local só para focagem, não para o ego.

Vinte janelas, um planeta vivo

Para além do crocodilo, a lista vagueia. Um morcego frugívoro recortado no crepúsculo por cima dos riachos do Quénia. Uma criança numa aldeia costeira planta uma muda de árvore com água pelos joelhos. Bioluminescência a crepitar como estrelas entornadas, e noutro lado, a chuva martela um telhado de chapa enquanto um peixe-trepador se exibe num palco encharcado. Cada imagem leva-nos a um lugar onde raízes seguram a terra, em silêncio, dia após dia.

O que une estas imagens é uma dor doce — a sensação de que a natureza é resistente e frágil, ruidosa e tímida. Aqui, um caranguejo transporta uma beata como folha morta; ali, a mão de um guarda, marcada, segura uma cria como se fosse porcelana. Não são contos de fadas. São anotações de campo com batida de coração. E no centro disto tudo, o crocodilo sorri um pouco, e percebes que o rio é mais velho que a nossa impaciência.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
Crocodilo colossalÂngulo baixo, luz da manhã, contenção da longa objetivaAprende como a escala e a ética moldam uma imagem marcante
Método de campoSincronização das marés, atenção ao vento, movimento silenciosoPassos simples para melhorar as tuas fotos de natureza
Mensagem das imagensPaciência em vez de intrusão, história antes do espetáculoVê a fotografia de natureza como relação, não conquista

Perguntas frequentes:

  • Quão perto estava o fotógrafo do crocodilo? Provavelmente mais longe do que parece. Uma longa distância focal comprime o espaço, trazendo o perigo para perto mas mantendo todos calmos.
  • Consigo fotografar manguezais sem equipamento especializado? Sim. Um zoom médio, um saco estanque e umas boas botas levam-te longe. Técnica e timing fazem o resto.
  • Todas as vinte imagens são de regiões tropicais? Não. A seleção abrange vários climas — estuários, deltas, riachos temperados — onde quer que manguezais ou zonas húmidas de maré moldem a vida.
  • Como evitam os fotógrafos perturbar a vida selvagem? Distância, tempo controlado, sem isco, movimento só quando o animal está calmo. As melhores imagens surgem quando quase já não dás por ti.
  • Porque funcionam tão bem estas fotos em telemóvel? Separação nítida do tema, linhas simples e luz forte traduzem-se facilmente até em ecrãs pequenos — o olhar pousa onde está a história.

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