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A NASA confirma: uma onda magnética misteriosa está a propagar-se pelo núcleo da Terra mais depressa do que nunca.

Pessoa sozinha na praia à noite, lendo no telemóvel, com um mar calmo e céu nublado ao fundo.

Não é um clarão a iluminar o céu, nem uma sirene a tocar; é uma onda subtil no coração profundo e fundido do planeta. O que isto significa para o nosso dia a dia é subtil, prático e, de forma estranha, cativante.

Estava em cima de um paredão em Whitstable ao anoitecer quando chegou o alerta: uma curta nota da NASA, densa de gráficos, a dizer que o pulso magnético do núcleo acelerara. A maré puxava na calhauzada. A bússola do telemóvel estremeceu ligeiramente, como as pálpebras de alguém quando pensam de mais. Parecia que o planeta tinha pigarreado. A notícia não chegou com drama. Chegou com o silêncio de um longo trabalho e instrumentos pacientes, e um pequeno, decisivo empurrão na nossa compreensão do que está debaixo dos nossos pés. O núcleo está a falar.

O que a equipa da NASA viu na verdade

Imagine o núcleo externo como um oceano escuro de ferro líquido, a milhares de quilómetros de profundidade, onde o calor e a rotação enrolam o metal em tempestades lentas. De vez em quando, uma onda magnética atravessa esse oceano como uma onda numa lagoa. A análise mais recente dos investigadores da NASA, em colaboração com redes internacionais de magnetómetros e arquivos de satélite, mostra que uma destas ondas acelerou. **Mais rápido do que qualquer outro registo da era dos satélites**, a onda percorre velozmente o equador do núcleo para oeste, e os dados coincidem entre sensores espaciais e terrestres.

Se quiser imaginar algo, recorde o “abanão geomagnético” de 2016, quando bússolas de todo o mundo desviaram ligeiramente da sua orientação habitual. Isto é uma versão semelhante dessa história, mas com um ritmo que surpreendeu os especialistas. A estimativa da velocidade coincide com o que os satélites europeus Swarm sugeriram em 2022—a rondar 1.000–1.500 quilómetros por ano—mas agora a reanálise puxa esse limite superior. Estamos a testemunhar uma corrente do núcleo a marcar um novo tempo.

Porque é tão rápido? A melhor hipótese mistura rotação, tensão magnética e as próprias camadas estratificadas do núcleo num bailado apertado. Imagine um slinky a vibrar numa mesa giratória: a rotação acrescenta um toque, o campo magnético funciona como um elástico esticado, e as zonas de cisalhamento do fluido agem como pistas. Os investigadores chamam-lhes ondas magneto-Coriolis. Trocando energia e momento, por vezes alteram o campo magnético de superfície o suficiente para que mapas de declinação magnética tenham de ser atualizados mais cedo. Não é catástrofe. É só a maquinaria do planeta a funcionar um pouco mais depressa do que o esperado.

Como seguir a onda a partir do sofá

Comece pelo básico: siga mensalmente a declinação magnética local. Abra uma aplicação fiável que use o World Magnetic Model ou visite a calculadora online do British Geological Survey, insira o seu código postal, e aponte o número num caderno. Depois, segure uma bússola de qualidade à altura do peito, afastado de metais, e veja se coincide com o modelo num grau ou dois. Repita para o mês seguinte. Pequenos desvios somam uma história real.

Não confunda ondas profundas da Terra com o espetáculo do clima espacial. As previsões de aurora usam índices Kp e dados do vento solar; as ondas do núcleo não vão pintar o céu de cor durante a noite. Alteram silenciosamente o mapa do qual a navegação depende, de forma gradual. Mantenha a bússola do telemóvel calibrada, faça o movimento em oito de vez em quando, e compare com uma bússola física. Honestamente: ninguém faz isso todos os dias. Se o fizer uma vez por mês já estará à frente da maioria dos exploradores.

Os engenheiros com quem falei transmitiram calma.

“Não estamos a ver um sinal de fim do mundo”, disse um geofísico do Goddard da NASA. “Estamos a ver um batimento mais rápido num sistema que sempre pulsa.”
  • O que pode mudar: pequenas atualizações nos modelos de navegação, revisões de mapas para aviação e perfuração feitas mais cedo.
  • O que não muda: o seu passeio diário, o seu fervedor, o horário das marés.
  • O que experimentar em casa: registe a declinação, faça um diário de bússola, partilhe uma experiência simples com crianças.

O que significa para a próxima década

Todos já tivemos aquele momento em que o relógio familiar anda ligeiramente adiantado e já não conseguimos ignorar. Isto é assim, mas para um planeta. Uma onda no núcleo mais rápida pode trazer subtis ajustes ao comprimento do dia em milissegundos, recalibrações ligeiramente mais cedo para pistas de aeroportos e previsões magnéticas dos mapas que os nossos telefones usam. Também abre caminho para reconstituir melhor o clima, já que o comportamento do núcleo influencia o registo magnético da Terra em rochas e gelo. **Não é um sinal do fim do mundo**, é mais um novo ritmo na música de fundo. O que persiste não é o medo, é a curiosidade. Com que frequência isto acontece? O que provoca esta aceleração? Quem vai ser o primeiro a detetar a próxima mudança na bússola?

No meio dos títulos alarmantes, **pequeno mas mensurável** é a expressão a guardar. O núcleo move-se, os modelos aprendem, e a vida continua—um pouco mais sábios sobre a casa das máquinas.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
Onda magnética confirmadaAnálise apoiada pela NASA deteta uma rápida onda magneto-Coriolis no núcleo externoCompreensão clara do que realmente aconteceu, para lá do ruído mediático
Velocidade supera registos anterioresPropagação estimada em 1.000–1.500 km/ano, no limite superior das medições por satéliteContexto para comparar a afirmação com observações passadas
Impactos práticosAtualizações ligeiramente mais cedo nos modelos de navegação; sem risco imediato para o quotidianoO que observar, o que ignorar e onde toca a sua vida

Perguntas Frequentes:

  • Isto é perigoso? Não. A onda afeta lentamente e de forma subtil o campo magnético. Trata-se de atualizar modelos e medições, não de riscos súbitos.
  • Isto vai provocar terramotos ou vulcões? Não. Os terramotos e vulcanismo têm origem no manto sólido e nas placas tectónicas. A onda magnética é um fenómeno do núcleo fluido.
  • Significa que os polos vão inverter-se? Não há qualquer sinal de inversão iminente. Inversões do campo levam milhares de anos e têm assinaturas complexas. Isto é uma onda transitória.
  • Posso ver algum efeito em casa? Pode detetar uma pequena mudança na declinação magnética ao longo de meses, usando uma bússola e modelos fiáveis. É uma observação lenta.
  • Quão certa está a NASA quanto à velocidade? A confiança é elevada com os dados disponíveis, graças a vários satélites e observatórios. Com novos dados, a estimativa deve refinar-se.

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