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Emergência na Islândia: orcas cercam barcos de pesca enquanto especialistas alertam para mudanças nas correntes marítimas.

Orcas nadam perto de um barco vermelho num fiorde ártico com neve nas montanhas ao fundo.

Os cientistas dizem que os velhos ritmos do mar estão a mudar. As presas movem-se com a água. Os encontros estão a aproximar-se.

O primeiro vislumbre foi de uma barbatana brilhante a cortar a ondulação cinzento-ardósia ao largo dos Westfjords. O segundo foi uma respiração pesada, como uma porta a suspirar sob o vento. Estava num palangreiro de 12 metros, com as mãos frias, a observar um grupo de orcas a rodar deliberadamente à nossa volta. As aves marinhas afastaram-se, confundidas pelo guião em mudança. O mestre de bordo reduziu a velocidade, examinando o ecossonda enquanto um denso halo de arenque se agarrava aos contornos sob as nossas botas.

Uma baleia virou-se, a mancha branca do olho a reluzir, depois desapareceu por baixo da popa. No VHF, outro barco resmungava sobre “preto-e-brancos” a seguirem o seu material na enseada ao lado. *O mar parecia normal até deixar de o ser.* Um jovem tripulante guardou o telemóvel no bolso seco, depois agarrou-se ao corrimão. As orcas continuaram a circular. Depois, o mar ficou em silêncio.

Quando as orcas chegam à borda do barco

Fale com mestres islandeses este inverno e ouvirá o mesmo cenário, contado com diferentes sal e vento. Orcas a trabalharem juntas, usando os cascos como paredes em movimento, encurralando arenques contra a rocha e o aço. Não é novo vê-las nestas áreas; a proximidade sim. Mais barcos relatam orcas a seguir os seus movimentos, a cortar entre cabos, a emergir a poucos metros, como se estivessem a ler o convés.

Em Grundarfjörður, um pequeno barco de pesca de mão registou uma dúzia de orcas a circular junto à entrada do porto durante duas marés, os sopros pendurados no frio como vapor de chaleira. Mais a sul, perto das Vestmannaeyjar, um cerqueiro suspendeu a largada quando três machos deslizaram junto às boias da rede. As tripulações trocam vídeos nos cafés, quadro a quadro de barbatanas dorsais reluzentes e mares cinzentos. O padrão destaca-se em comparação com anos de passagens mais tranquilas.

Porquê agora mais perto? Alguns ecologistas marinhos apontam para **correntes oceânicas em mudança** e bolsas de calor ao longo da plataforma continental. Remoinhos mais quentes podem empurrar as presas para enseadas apertadas, encurralando arenques e cavalas onde baleias e barcos convergem. O Atlântico Norte tem estado invulgarmente quente e, quando as presas se reorganizam, os predadores redesenham os seus mapas. É um puzzle em movimento: leito marinho local, vento, maré e um sinal climático que desloca tudo ligeiramente.

No convés: manter a calma quando as orcas chegam

A manobra prática quando uma orca circula é pequena e constante. Ponha o motor em neutro, mantenha um rumo previsível e reduza picos de ruído. Puxe para bordo linhas e redes folgadas para evitar o risco de emaranhamento e mantenha a tripulação dentro dos corrimões. Um vigia ajuda: um olho na água, outro no sonda para a bola apertada de peixe que normalmente está debaixo do espetáculo. Se as passagens continuarem, chame a Guarda Costeira Islandesa no Canal VHF 16 e registe a posição. Essa chamada de rádio não é drama. É simplesmente boa marinharia.

O que não fazer? Não acelere bruscamente. Uma aceleração súbita pode colocar o grupo em modo de perseguição e desestabilizar a popa. Não deite restos nem atire isco para “os despachar”. Elas estão ali pelo verdadeiro motivo, e arrisca ensinar comportamentos persistentes. Todos já tivemos aquele momento em que a curiosidade vence o cuidado e um bom vídeo parece valer a pena. Sejamos honestos: ninguém faz isso todos os dias. As mãos ficam frias, o barco abana, e um pequeno erro transforma um turno numa história que preferia não contar.

As tripulações que encontrei voltavam sempre ao mesmo ritmo simples: pausar, observar, depois agir. Um veterano de Ólafsvík descreveu-o assim: “Partilhamos o sítio durante dez minutos e depois seguimos o trabalho.”

“Sente-se grande num barco até algo maior lhe devolver o olhar,” disse ele. “Dê-lhes o círculo. Elas vão-se embora mais depressa.”
  • Mantenha a velocidade baixa e estável; evite curvas bruscas.
  • Prenda longlines, redes e cordas soltas.
  • Anote GPS, hora, tamanho do grupo e comportamento para relatar mais tarde.
  • Use o VHF 16 se precisar de apoio ou para alertar embarcações próximas.
  • Priorize a segurança da tripulação em vez de captar imagens — **encontros de proximidade com orcas** podem escalar rapidamente.

Correntes em mudança, costas em alerta

Olhando de longe, a imagem alarga-se. Um Atlântico Norte mais quente e um girossól subpolar instável redesenham onde o frio e o sal se encontram, mudando as rotas dos peixes que alimentam baleias e também sustento humano. Os arenques concentram-se onde a plataforma os prende. As cavalas agora sobem para latitudes mais altas. As orcas seguem a comida e os mestres de bordo veem as rotas de trabalho invadidas por barbatanas pretas e salpicos. Falar de clima pode parecer distante numa ponte de comando às 4 da manhã, café forte e o radar a iluminar. Mas é aqui que o global encontra o local: num fiorde estreito, numa maré breve, num convés que cheira a gasóleo e maresia. As pessoas adaptam-se. Os barcos adaptam-se. O mar guarda os seus segredos. Um pouco de paciência, alguns **passos simples no mar** e atenção à ciência podem fazer com que o próximo encontro pareça menos uma emergência e mais como uma nova normalidade a formar-se.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
Porque é que as orcas circulam os barcosCaça cooperativa encurrala arenques contra cascos e costas quando os cardumes comprimidos sobem à superfície.Compreender o comportamento para agir com calma no momento certo.
Manter a segurança em embarcações pequenasMotor em neutro, rumo previsível, material arrumado e comunicações rápidas no VHF Canal 16.Dicas práticas para reduzir o risco sem interromper o dia de trabalho.
Correntes e sinais de climaMudanças no girossól subpolar e redemoinhos quentes podem desviar as presas ao largo da plataforma islandesa.Liga o que se passa a bordo às forças maiores que moldam profissões e vida selvagem.

Perguntas Frequentes:

  • As orcas são perigosas para pessoas em barcos pequenos? Orques selvagens raramente atacam humanos. Passagens próximas ainda podem ser arriscadas devido ao tamanho do animal, à turbulência da hélice e material na água. Mantenha movimentos estáveis, linhas arrumadas e dê espaço ao grupo para passar.
  • Por que estão a mudar as correntes oceânicas ao redor da Islândia? O calor no Atlântico Norte, os padrões de vento e o pulso do girossól subpolar podem alterar onde as camadas frias e quentes se encontram. Essas mudanças influenciam onde se reúnem arenques, cavalas e capelim — e onde aparecem as orcas.
  • O que fazer se uma orca bater no meu leme ou seguir os meus cabos? Reduza a velocidade, vá para neutro se for seguro e evite mudanças bruscas de direção. Recolha o material se o puder fazer em segurança. Registe o incidente e comunique com embarcações próximas; contactos repetidos justificam alerta à Guarda Costeira Islandesa.
  • Há orientações para abordar baleias em águas islandesas? Sim. A regra geral é simples: mantenha distância, evite perseguições ou cruzamentos e reduza picos de ruído. Os códigos de observação de baleias são uma boa referência para pequenas embarcações, mesmo em contexto de trabalho.
  • Onde posso reportar avistamentos de orcas ou problemas? Partilhe os detalhes com a autoridade portuária e redes locais, e procure canais usados pelo Instituto de Investigação Marinha e de Águas Doces (Hafrannsóknastofnun). Data, hora, GPS, tamanho do grupo e comportamento tornam a sua nota útil para equipas de ciência e segurança.

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