Estava movimentado. Sinais sonoros, ícones e distintivos por todo o lado, como uma cozinha com todas as gavetas abertas ao mesmo tempo. Deixei de instalar novas apps e comecei a reorganizar as que já tinha. A mudança não foi vistosa. Foi estrutural.
Ia no comboio das 8:12 para London Bridge, com o polegar suspenso, a cabeça enevoada. Tinha de enviar um orçamento de última hora, marcar um carro para uma reunião e encontrar um recibo do comboio para as despesas. Os ícones no ecrã pareciam familiares, mas o caminho entre eles não. Saltava constantemente entre Mensagens, Email, Notas, Calendário, e depois de volta ao Email. O telemóvel conseguia fazer tudo. Simplesmente não fazia nada pela ordem certa.
Por isso, tentei algo quase embaraçosamente simples. Agrupei as apps não por categoria, mas pelo que queria fazer. “Captar”, “Rascunho”, “Enviar”. “Marcar”, “Ir”, “Reclamar”. “Planear”, “Fazer”, “Acompanhar”. Transformei o meu ecrã principal numa linha de montagem. O truque não estava nas apps.
De categorias para fluxos de trabalho
Na maioria dos telemóveis, as apps estão organizadas como corredores de supermercado: Produtividade, Finanças, Social, Fotografia. É arrumadinho, mas a vida não é arrumada. Fazemos as coisas em sequência, não por departamentos. Abres o calendário porque acabaste de dizer sim a alguma coisa. Abres os mapas porque já estás atrasado. Vais aos áudios porque tens as mãos ocupadas.
Da primeira vez que experimentei as “pastas de workflow”, senti que estava a batotar. Criei um fluxo “Escrever → Publicar”: Notas, Gravações, Google Docs, Grammarly, CMS, Email e depois o LinkedIn. De manhã, tocava no primeiro ícone e ia deslizando. Quando tinha de fazer recados, o “Comprar → Acompanhar” estava ali com as apps do supermercado, estafetas e orçamento. Instalamos dezenas de apps e usamos realmente cerca de nove por dia. O truque está em chegar a essas nove pela ordem certa.
Paga-se um preço mental sempre que procuras, deslizas ou fazes uma pesquisa. É pequeno, mas acumula. Com as pastas de workflow, retirei grande parte desse custo. O meu polegar já não vagueava; avançava. Deixei de perguntar “Que app?” e passei a pensar “Em que fase estou?”. É uma pergunta melhor. Faz o telemóvel parecer menos uma caixa de peças e mais uma ferramenta pronta a usar.
Põe o teu ecrã a funcionar como uma linha de produção
Começa com três ou quatro rotinas que fazes com frequência. Administração matinal. Comunicações. Viagens. Publicações. Dá a cada pasta um verbo e uma seta: “Planear → Fazer”, “Captar → Rascunhar”, “Marcar → Ir”. Coloca as apps do primeiro passo no canto superior esquerdo dessa pasta e organiza para a direita. Mantém cada fluxo entre 5 e 7 ícones. *Isto foi mais como arrumar um corredor desarrumado do que construir uma casa nova.*
Evita nomes criativos que não vais lembrar depois do café. Usa as palavras que o teu cérebro cansado reconhece às 6 da manhã. Todos já passámos por aquele momento em que abrimos o telemóvel para uma coisa e acabamos absorvidos noutra. Mantém mensagens e calendário acessíveis, mas não no meio da linha de produção. Deixa a pesquisa lidar com os casos raros. E sê tolerante contigo próprio se os hábitos falharem. A verdade é esta: ninguém faz isto todos os dias.
Usa o sistema operativo a teu favor. No iOS, emparelhei os Modos de Concentração com ecrãs diferentes: O trabalho mostrava o “Planear → Fazer” e silenciava as redes sociais; as viagens mostravam “Marcar → Ir → Reclamar”. No Android, usei um só ecrã inicial para o “Hoje” e mantive um segundo para “Trabalho Profundo” à direita. Também empurrei todas as apps irresistíveis para uma pasta “Mais Tarde” na última página.
“O meu eu do passado deixou pistas para o meu eu do futuro. Deixei de depender da força de vontade e passei a depender da organização.”
- Etiqueta as pastas com verbos, não substantivos.
- Um ecrã por contexto: Hoje, Trabalho, Viagem.
- Primeiro ícone = primeiro passo do fluxo.
- Limita cada pasta a 7 apps para reduzir opções.
- Revê semanalmente: se não usaste, desce de posição.
O que mudou após uma semana
O meu telemóvel deixou de parecer caótico. Foi a primeira coisa que notei. Continuava a receber as mesmas mensagens e reuniões, mas chegava lá sem me perder. A administração matinal passou de 25 para cerca de 12 minutos. As respostas eram mais claras, porque já não andava perdido entre três apps. Até passei a andar mais devagar até à estação, porque a parte frenética já tinha acontecido no sofá.
Criei um ritual minúsculo. Antes de dormir ao domingo, mantinha pressionados alguns ícones e colocava-os no fluxo de segunda-feira. Pagamentos em “Reclamar”, um rascunho em “Enviar”, um podcast em “Alongar”. Demorava dois minutos. Mudava a segunda-feira. O melhor não era a rapidez. Era sentir que o meu ecrã estava novamente do meu lado.
E algo pequeno mas real: pegar no telemóvel tornou-se menos compulsivo. Quando sabes onde está tudo, não andas à procura de surpresas. A dopamina vinha de terminar o fluxo, não de abrir um quadrado colorido. É um ciclo melhor.
Como criar o teu próprio em 20 minutos
Pega num pedaço de papel. Escreve três resultados que queres diariamente: Comunicar, Mover, Publicar. Em cada um, lista, por ordem, os passos reais que dás. Depois cria pastas com esses passos como nome. Dentro de cada pasta, alinha as apps para corresponder aos passos, do canto superior esquerdo para a direita. A doca = ferramentas universais que usas em todo o lado: telefone, mensagens, mapas, câmara. Esse é o teu campo base.
Erros comuns? Demasiadas pastas. Etiquetas confusas. Apps urgentes enterradas a dois cliques de distância. Misturar fluxos de pessoal e trabalho, confundindo o cérebro. Não eliminar apps mortas até fossilizarem. Mantém humano. Torna-o à prova de preguiça. Se uma pasta te confundir, apaga-a e volta a nomear. Disciplina é bom. Organização é melhor.
Assume um compromisso pequeno. Um ecrã para cada contexto. Ajusta, não revoluciona. E experimenta durante uma semana.
“A tua organização é um hábito que não tens de recordar. Ela recorda-se de ti.”
- Apenas três a cinco fluxos.
- Verbos nas pastas; etapas dentro.
- Acesso ao primeiro passo com um toque.
- Move distrações para a última página.
- Reve a organização aos domingos durante dois minutos.
O lado positivo e silencioso
Organizar apps assim não vai mudar o teu trabalho, os teus filhos ou a tua caixa de entrada. Vai mudar os micromovimentos entre eles. É aí que o dia se perde. Quando o telemóvel se comporta como uma linha de tarefas e não uma caixa de brinquedos, tomas menos micro-decisões. Levantas a cabeça. Reparas no tempo enquanto vais para o autocarro. Respondes com contexto em vez de pânico. Fechas ciclos.
Há ainda um efeito secundário interessante. Passas a perceber que fluxos repetes só por hábito e quais podias eliminar da tua vida. Precisas de três apps do banco? De duas apps de notas? A tua pasta “Enviar” está sempre vazia porque o difícil é começar, não acabar? São boas perguntas. Partilha o teu esquema com um amigo, troquem capturas de ecrã e roubem os verbos uns dos outros. Os teus ícones dizem muito sobre o teu dia. Faz com que contem uma história mais simples.
| Ponto-chave | Detalhe | Benefício para o leitor |
| Organizar por workflow | Pastas nomeadas com verbos e fases da esquerda para a direita | Reduz a fadiga de decisão e acelera tarefas habituais |
| Um ecrã por contexto | Ecrãs separados para Hoje, Trabalho e Viagem com pastas correspondentes | Mantém o foco e reduz multitarefa acidental |
| Revisão semanal de dois minutos | Move apps não usadas, mantém os fluxos com 5–7 ícones | Garante clareza sem grandes mudanças |
Perguntas Frequentes:
E se tiver apps a mais num fluxo? Divide o fluxo em duas pastas, mantendo cada uma com 5–7 ícones. “Captar → Rascunhar” e “Enviar → Partilhar” funcionam melhor do que uma mega-pasta.Preciso de lançadores ou widgets especiais? Não. O iOS e Android de origem funcionam bem. Widgets ajudam quando são ações do primeiro passo, como Nova Nota ou Digitalizar Recibo.Como separar trabalho e pessoal? Usa ecrãs ou modos diferentes. Mantém os fluxos pessoais fora do ecrã do trabalho, e vice-versa. Os limites são uma decisão de organização tanto quanto do calendário.A pesquisa não é mais rápida do que as pastas? A pesquisa é ótima para saltos pontuais. Os fluxos ganham quando segues uma sequência. Muitas vezes precisas da app seguinte antes de pensar nela.E se o meu trabalho mudar de dia para dia? Cria um ecrã flexível “Hoje” e rodizia uma pasta todas as manhãs. A doca mantém-se; o destaque é que muda.
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